Ano: 2011
Produção: The-Dream, Beyoncé Knowles, Nick van de Wall, Wesley Pentz, David Taylor, Adidja Palmer, Switch, Shea Taylor
Lançamento: Columbia
Certa vez em entrevista para a apresentadora Ellen Degeneres, Beyoncé falou sobre Sacha Fierce, seu alterego feminista e cheio de apelo sexual. Na época, divulgando o álbum I Am... Sacha Fierce, a cantora comentou sobre a estratégia de lançar um álbum duplo: essa seria a melhor forma de cantar as baladas de que tanto gosta e, ao mesmo tempo, dar para os fãs a Beyoncé rebolativa e cheia de atitude que a ajudou a firmar de vez seu nome no ranking das principais artistas da história.
E se na época de "I Am..." Beyoncé ainda não tinha a autoridade para cantar apenas o que lhe apetecia, "4" foi a saída para que ela tomasse as rédeas de sua carreira: demitiu o pai, Matthew Knowles, que trabalhava como seu empresário desde os tempos de Destiny's Child, tirou um ano de férias, resolveu experimentar novas influências, produtores e cantar o que realmente gosta. Assim nasceu "4", um álbum marcado principalmente por baladas e por um R&B que vezes flerta com o pop eletrônico e vezes com a sonoridade black dos anos 70 e 80.
Com exceções das faixas "Countdown" (uma espécie de "Get Me Bodied" mais experimental), "End Of Time" e "Run the World (Girls)" (as duas últimas claramente influenciadas pelo afrobeat de Fela Kuti e pelo Funk Carioca), "4" é um álbum que mostra uma faceta diferente de Beyoncé, pelo menos para o público geral que está mais acostumado a desejar sua imagem do que apreciar sua música. E Beyoncé se sai bem na tarefa de mostrar outros lados, por mais que isso demande uma dedicação maior de quem escuta o CD.
Como na faixa "1+1" que abre o álbum, uma balada que mescla melodia calma e ternura com vocais cheios de paixão marcados pelos vibratos já conhecidos pelos fãs. A música peca na letra ("Eu não sei muito sobre álgebra, mas eu sei que 1 + 1 é igual a 2 e sou eu e você") mas provoca o choque inicial para quem esperava um CD alegre, além de introduzir perfeitamente as músicas seguintes que versam sobre romance e desilusões amorosas. Como no caso de "I Care", segunda faixa do álbum, onde ela canta "você não liga, mas eu ainda ligo" sobre uma bateria marcante e um solo de guitarra muito bem colocado. E se o forte de Beyoncé não é a letra e sim a batida, isso só é reinterado em "Rather Die Young", música que facilmente poderia estar no repertório de Diana Ross. Boa melodia, letra medíocre.
"I Miss You" e "Best Thing I Never Had" aparecem como as faixas mais perdidas do CD, senão descartáveis, as canções soam como mais do mesmo. A primeira traz uma Beyoncé cantando por cima de uma batida simples e um teclado inquieto - uma faixa que não se decide: ora simples, ora experimental, termina em menos de 3 minutos sem dizer a que veio. "Best Thing I Never Had" é mais uma música sobre orgulho ferido e coração partido, a impressão que dá é a de que estamos ouvindo "Irreplaceable" novamente.
É com "Party" que Beyoncé abre o time de poucas músicas animadas de "4", nesse caso, contando com a ótima participação de Andre 3000. O ar vintage de "Party", que traz samples de "For Your Love" de Stevie Wonder e produção de Kanye West, predomina em "Love On Top", uma das melhores músicas do CD. Aqui ouvimos uma Beyoncé aos moldes da gravadora Motown, ratificando as influências de mestres como Michael Jackson - principalmente nos vocais.
"I Was Here" é o que se poderia esperar entre uma parceria entre Beyoncé e Dianne Warren. Letra que mostra força, superação e autoridade com uma melodia carregada de emoção, aos moldes de "My Way" de Frank Sinatra. Uma balada perdida entre as faixas mais dançantes que fecham o álbum, mas que traz vocais graves que explodem no final como num clímax emocional que vale a escolha para estar em "4".
O álbum pode até não estar entre os preferidos daqueles que apreciam uma Beyoncé mais femme fatale, mas mostra dois elementos importantes na formulação de um artista: maturidade e despretensão. Isso sem perder a esperteza comum aos artistas pop - Beyoncé canta uma balada, mas não deixa de aparecer de calcinha e sutiã no clipe. Rebolando ou cantando, Beyoncé está em uma posição em que pode fazer o que quiser que todos vão escutar e comentar sobre isso.
Se você tivesse que ouvir apenas uma música do cd: Love On Top


é melhor não saber ingles pra ouvir o disco, mas enfim, as músicas são bem interessantes, e Beyonce é sensacional sempre!
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