Não sei ao certo a primeira vez que ouvi alguma música de Aretha Franklin. Sua voz é tão universal que, com certeza, já devo ter escutado alguma música dela antes mesmo de saber de quem se tratava. Mas, me lembro de querer ouvir Aretha com 14 anos, quando, comprei "Mind, Body and Soul" de Joss Stone, que a apontava como sua principal influência. Foi por causa do material apresentado por Joss que eu resolvi ir mais fundo. Também não sei se me interessei na caça das influências soul de Joss por vontade própria ou por imposição de uma pseudo-intelectualidade que a minha idade já promovia (ouvir Aretha era cool para um menino de 14 anos). Sei que o resultado da pesquisa me apresentou à Aretha.
A partir daí, a primeira música que ouvi foi "Don't Play That Song", uma baladinha assobiável que versava de um jeito muito inocente sobre um amor que não deu certo. O que mais me chamou a atenção naquela música foi a atemporalidade, como ela podia estar no repertório de qualquer outra cantora da minha geração e como eu não conseguia achar outra cantora que pudesse interpretá-la com tanta emoção e facilidade. Aretha fazia aquilo na dose certa.
Música após música fui ouvindo como ela conseguia ser pop sem perder as raízes do gospel, como conseguia ser rock sem deixar o soul, como conseguia honrar seus antecessores apontando novas direções, como conseguia converter os olhos e ouvidos de todos para a sua música e apenas ela. Aretha podia fazer o que quisesse com sua voz.
É ela a responsável por dar voz à mulher através de verdadeiros hinos do feminismo em uma época onde o homem imperava, principalmente na música. Em "Respect", Aretha deixa claro que tudo o que ela quer em troca do amor que ela dá ao seu companheiro é um pouco de respeito, assim como em "Chain of Fools". Os ecos de seu trabalho perpetuam até hoje: se Beyoncé canta que quem manda no mundo são as mulheres, a culpada é Aretha.
Foi Aretha a primeira mulher a entrar no Rock and Roll Hall of Fame, a mesma que, no Grammy de 98, substituiu Pavarotti, impossibilitado de cantar por problemas de saúde. É também Aretha a artista com maior número de prêmios Grammy da história e por tantas vezes homenageada durante os shows da premiação. É Aretha a maior voz do mundo da música segundo a revista Rolling Stone.
Foi Aretha quem me introduziu a tantos outros artistas tão incríveis quanto ela. E é maravilhoso perceber como, mesmo depois de tantos anos, sua música continua tão forte; mostra disto é o último disco "A Woman Falling Out of Love" de 2011, que nos traz uma Aretha poderosa, mesmo depois de sua vitoriosa luta contra um câncer.
Forte, sensível, técnica, imprevisível. Aretha Franklin não é chamada de "Rainha do Soul" a toa. Minha dica: ouça o quanto antes.
- Influenciou: Alicia Keys, Joss Stone, Mary J. Blige, Corinne Bailey Rae, Jennifer Hudson
- Álbum-chave: I Never Loved a Man the Way I Love You (1967)
- Apresentação mais representativa:





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